segunda-feira, setembro 10, 2012

Um pedido de desculpas, com carinho


Tenho um grande pedido de desculpa a fazer a quem manda neste país. O meu pecado é tão grande, que tenho que dividir em várias partes :

1. Devo pedir desculpa, ao Governo, por ser uma pessoa educada, bem formada, que sempre quis ser "alguém na vida", ou pelo menos lutar por um futuro bom, feliz, que nunca inclui ( necessariamente) três mil zeros (à direita) na conta ou três carros na garagem. 

2. Devo pedir desculpa, por também ter procurado rodear-me de gente inteligente, informada e civilizada - e não procurar os chicos-espertos. Vejo cada um deles a singrar na vida, de uma forma ou de outra, e em geral, vejo-os os a todos a lutar por uma vida que acham que merecem, e não se limitam a encostar à bananeira, à casinha dos pais, ou à cunha do tio rico ou bem colocado.

3. Devo também pedir desculpa, por ter estudado. Afinal de contas, andei a gastar o meu dinheiro, dos meus pais, para nada. Tentei pensar numa outra solução para passar o tempo, mas cheguei à conclusão, que esta seria a melhor. Às vezes parece que era melhor não ter estudado, e ambicionado ter ficado pelo 9ºano.

4. Devo, por fim, pedir desculpa por ser uma pessoa que chegou onde chegou por mérito próprio. Às vezes, dá ideia, neste país, que se prefere um bom trapaceiro, burro (mas com estudo na mesma), ignorante, mente fechada, só porque sim.

5. Desculpem-me também, se vou continuar a lutar por um futuro melhor, a não desistir facilmente, porque afinal até sei o que valho, e ter que levar com vocês, que estão no poleiro, de costas quentes, e enfim, não percebem porra disto e que se regem por regras, pressupostos que são esquisitos, que dão errado, e que no fundo, só beneficiam aqueles que vos seguram, porque vocês são é uns maricas pé de salsa.

Beijinhos,
 

quinta-feira, setembro 06, 2012

uma escritora em desenvolvimento desde há 27 anos

Desde criança que as artes e as letras fizeram parte da minha existência. Sobretudo a escrita.Ainda me lembro de uma redacção que fiz sobre as abelhas, e onde fiz o brilharete da turma.

Na preparatória arranjei coragem e partilhei as minhas escritas e histórias com os meus colegas e amigos. Escrevia em folhas A5, e em vez de as agrafar, juntava-as com uns fios de lã. Fazia umas capas bastante pré-históricas no Word, com uns bonecos retirados do programa, e assim era. Claro, não havia quem não gostasse, quem não elogiasse e desse força para continuar.

Escrevi uns 3. Fui parando. Parando, parando....Depois disso, fui rabiscando as palavras e os sentimentos nos cadernos onde desabafava os meus melhores e piores momentos. No final das contas, a escrita nunca me deixou, apenas escrevia sobre aquilo que sempre gostei menos de escrever e sobre o que menos bem sei falar : a minha rica vidinha e os tropeços da minha existência!

Se me perguntassem realmente a sério, talvez ser escritora de profissão fosse um verdadeiro sonho. Viver da escrita, neste país (ou em qualquer outro) deverá ser um privilégio. Crises de criatividade, são elas assustadoras, mas o hábito de escrever treina-se. E quanto mais se escreve, mais se quer escrever. A escrita torna-se uma tal responsabilidade, que, escrever será igual a redigir uma proposta para um cliente, como no chamado trabalho de "escritório".

Talvez ainda guarde cá dentro, um sonho de pelo menos escrever um livro, uma história, que valha a pena lutar por ela, de editá-la. Mas é um sonho difícil de gerir. 
Começo a escrever, paro.

A história desagrada-me, escrevo 2 páginas.
Não encontro nenhuma história, não escrevo.

Sigo agora uma estratégia que gostaria que resultasse: ler muitos livros de seguida, ver mais filmes que o habitual, para que o brainstorming nesta cabeça dê qualquer resultado. Ou encontrar alguém que me dê um empurrão, com um início de história. Que me o ofereça conscientemente, ou sem se aperceber.


Quem sabe, um dia.


segunda-feira, setembro 03, 2012

entendiada

Não sei se já vos sucedeu, mas há momentos em que volto a ser adolescente, sobretudo no que diz respeito à desilusão da realidade que nos rodeia.

Confesso que há momentos em que estou francamente desiludida com o mundozeco que vivemos e há poucas coisas que neste momento considero que sejam realmente interessantes. Ando, de uma forma geral, aborrecida e entendiada.

No entanto, até continuo a acreditar que há cura para isto.

Cem anos de solidão

Onde andava eu com a cabeça por não ter ainda lido o Cem Anos de Solidão.

domingo, setembro 02, 2012

Socorro





Aparece-nos em 1994 este tipo. Não largava os óculos escuros, usava umas plumas, parecia mais que falava do que cantava. Tocava um som diferente, que a malta só ouvia cantada em outras línguas que não o português.Nunca passou despercebido, com mais ou menos discos de platina foi-se mantendo lá em cima no topo do star system musical português (se é que ele existe.)

Em 2012 vejo-lhe o meu primeiro concerto do Abrunhosa. Não sou adepta da fase pós Viagens e Tempo ( os dois primeiros albúns - funk funk funk), mas admito-lhe o máximo profissionalismo, o trabalho que dedica às suas músicas, ao arranjos que lhes dá e que se transformam ao vivo. Admito-lhe o enorme talento que tem, os bons músicos que o acompanham, e também o discurso que manteve, mais político e aceso. Sabe do que fala.

Só por isso,tive que ir buscar este "Socorro". Vou ali buscar os meus óculos e fazer uns "moves" enquanto ouço isto.

Começar de novo

Existe uma certa leviandade quando se fala em "começar de novo".

Geralmente, o "começar de novo" é encarado como algo positivo, que traz novas possibilidades, oportunidades, e talvez um novo rumo. 
Mas e quando somos obrigados a começar de novo e não queremos? Começar de novo será sempre assim tão positivo?

Receio que começar de novo seja também dar alguns passos atrás.