Tenho uma relação de adoração-medo com o piano.
Cada vez que chego à aula de piano e ao pé do meu professor Jacinto, começa a dar-me um pequeno nervoso miudinho. Os dedos tendem sempre a falhar nos primeiros minutos. Principalmente, agora que começo a ganhar respeito ao Jacinto. Vejo que ele se empenha realmente nas minhas aulas, e que quer ajudar-me a evoluir. E que me obriga a um estudo rigoroso, cheio de método e disciplina. É um professor como eu já não me lembrava de ter faz anos. Tivesse eu mais horas para ir às aulas e para estudar.
Quando ele me fala que tenho que aprender bem o ritmo, que o ritmo é como a matemática. Dá-me um arrepio na espinha. Matemática, eu? Ui. Mas que seja.
Eu não tenho medo do rigor em qualquer esfera da minha vida, mas admito que me faz falta método e disciplina. Muitas das vezes consigo chegar onde quero, mas isso não significa que tenha utilizado o método mais certeiro ou tenha sido disciplinada.
O estudo do piano está a dar-me método e disciplina na minha vida, a pouco e pouco. E isso fazia-me muita falta.
É como voltar atrás... aprender de novo as regras. Quando as tiver rigorosas na minha cabeça posso deixar-me levar pelas emoções (e pelos dedos). É o não fazer as coisas à toa.
Mas tenho que admitir. Sou uma pianista da tanga. No sábado, no recinto dos Dias da Música em Belém atirei-me a um dos pianos que lá estavam. De um lado a S. e do outro lado um aluno de 8 anos de conservatório. Sento-me no banco e começo a dedilhar o Yesterday. Começo a suar em bica, os dedinhos a falharem-me e pouco consegui fazer. Tanto treino que estes dedos precisam. Isso e a minha insegurança.
1 comentário:
Grande coragem, ali no meio. Não sei se era capaz...
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