Há várias formas de se estar na vida. Podemos encará-la passivamente, podes vivê-la apaixonadamente ou podemos viver num permanente desassossego. O desassossego permite-nos criar, permite ir mais além, persuadir os limites. E sentir o quanto podemos ser limitados. É uma luta constante do nosso eu.
Foi uma boa surpresa este " Filme do Desassossego". O actor principal que nos surge como Bernardo Soares foi uma revelação.
Não é um filme com fio condutor ou com uma história. São várias histórias, várias personagens que se desenrolam perante nós, filmadas numa Lisboa que se deixa captar de uma maneira tão bonita. São 2h ( bom, reconheço que não sei exactamente quando durou o filme, mas pouco interessa) de pura magia com as palavras de Fernando Pessoa. É um filme para se ver mais do que uma vez. É ouvir aquele discurso, talvez da educadora sentimental ou do casal que chega ao restaurante, é parar e reflectir no que disseram.
Os parabéns ao director de fotografia. Uma luz imensa, um filme visualmente muito cuidado e com muito, muito gosto. Era dificil concentrarmo-nos nas palavras quando as imagens eram tão bonitas e as personagens pareciam encaixar-se naturalmente.
O realizador João Botelho fez um belo trabalho e não deixou a grandeza da obra do Fernando Pessoa envergonhada.
O Fernando Pessoa era abençoadamente desassossegado.
Eu não sou abençoadamente desassossegada. Sou tudo isto, menos o abençoadamente.
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