À partida o protótipo de homem indicado para mim seria alto, moreno, com all stars nos pés, calças de gangas nas pernas, uma t-shirt gira e um blazer impecável no tronco. Deixo ao acaso se usaria ou não óculos, e quão acentuado seria o seu ar de intelectual. Falaria de determinados temas, frequentaria os mesmos locais que eu e teria o mesmo estilo de vida.
É assim que imaginamos os nossos protótipos e o que (achamos) queremos para a nossa vida.
Os temas do coração deixaram de ser tema neste blog - ganhei juízo! No entanto...
A pessoa que surgiu na minha vida recentemente era exactamente o contrário do protótipo que descrevi acima. Mas o contrário, l-i-t-e-r-a-l-m-e-n-t-e. Não era muito mais alto que eu, não era o protótipo de moreno e gostava de insistir nos chamados sapatinhos de vela. Arrastava consigo tudo o que é inerente ao estilo que associamos a este acessório, para não me alongar mais. Ahhhhhh que doçura de moço Kit-Kat, pensam vocês.
Perguntei às minhas hormonas, que fenómeno foi este, mas elas remeteram-se ao silêncio.
Como se explica? Não se explica. Acontece. As pessoas fazem sentir-nos coisas que nós não estamos à espera.
Dizia-me entre risadas «pois é, tu és da cultura». Não com mau tom, mas aquele tom «é por isso que gosto de ti, porque és diferente de mim e estou farto de miúdas iguais».
Criei preconceitos na minha cabeça com todas as diferenças que tínhamos. Aceitava com extrema dificuldade que o seu universo fosse (ou parecesse) tão distante do meu. Perguntava-me todos os dias que raio tinha eu visto nele, e ele em mim. Perguntava-me em que momento iríamos chocar com as nossas órbitas. Os opostos atraem-se?
Não chegámos a chocar nem a saber se tal iria acontecer.
Mas quero pensar que ganhei uma certeza : quero continuar a achar que o meu protótipo de homem é o indicado para mim.
Se me enganar, conto-vos.
Capítulo encerrado.
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