segunda-feira, março 21, 2011

segunda-feira

Naquele dia em que acordou os olhos estavam inchados de tanto choro. O sono tinha substituído por lágrimas gordas, grandes, a sair em catadupa, tantas horas seguidas.

Não teve vontade de se levantar, não teve vontade de se vestir, não teve vontade de ir curtir o sol que previa da abertura da persiana, e muito menos ir trabalhar. O corpo pedia-lhe descanso, pedia-lhe escuridão, pedia-lhe solidão. Muita solidão.
A mente pedia-lhe calma, pedia-lhe ponderação, silêncio e distância da entropia de informação que recebia todos os dias. Era cansativo a quantidade de informação,de planos, de stress a que todos os dias assistia. Todos os dias, repetidamente. Sem que pudesse parar e pensar no que queria ou como podia lá chegar.

O Medo entrava ali completamente desvairado, a derrubar tudo. O Medo. Esse bicho-papão, que só acontece aos outros. O Medo continuava a corromper-lhe a visão, a prender-lhe os movimentos, a fechar-lhe o sorriso, a tapar-lhe portas.

Não sabia até quando o Medo ia ficar ali, e não tinha planos nem soluções de como afastá-lo. Provavelmente ia instalar-se definitivamente, e o Medo nunca iria permitir que crescesse, sentindo-se constantemente aquela criança que se escondia atrás da saia da mãe. E parece que o sentia ali pesado, algures entre o coração e o estômago. Ou talvez fosse aquela sensação de peso nas costas.

Vestiu a roupa do dia anterior, e saiu de casa. Não sabia onde ia parar, mas queria levar o Medo para fora de casa. Talvez quando voltasse, ele já lá não estivesse.

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