sexta-feira, fevereiro 11, 2011

black swan


Tão previsível como eu ir amanhã ao Lux é eu ter ido a correr ao cinema ver o Black Swan, filme-sensação da temporada.

Primeiro statement, curto e directo : eu gostei do filme, deixou-me tensa e a reflectir. É o que se quer da arte.

A meio do filme o encenador diz à personagem principial "Tu és a única pessoa no teu caminho. Liberta-te." Não há dúvidas, os piores demónios são os interiores, o nosso pior inimigo somos nós.

Boa fotografia, boa banda-sonora, boas interpretações ( já lá vou, à Natalie Portman) e o melhor de tudo,o argumento. Gostei muito da história criada à volta do bailado lago dos cisnes, do cisne branco/cisne negro que há dentro de cada um. Não é uma dicotomia bem / mal, é antes uma dictomia entre o nosso vulgar eu de todos os dias, e o nosso eu que é descoberto em momentos muito especiais, ou aquele eu que nunca a chega a ser libertado... e depois há por aí grandes surpresas.

Em momentos do filme revi-me. Sobretudo relembrando-me os meus tempos em que preparava a minha personagem para a última peça de teatro. O filme aborda, em segundo plano a dificuldade em ser-se intérprete e a obsessão com a perfeição.

Finalmente a Natalie Portman. Desgraçada, teve que desencantar três personagens : a Nina - a bailarina, o cisne branco e o cisne negro dentro de Nina. Sejamos honestos : o cisne branco estava colado desde início à personagem ( e à actriz também - e é aqui que está o maior problema da Natalie.) No entanto, nos três minutos que interpreta o cisne negro, a coisa está lá mesmo. Pena é ser tão curto o momento. E mais uma vez, se confirma : é o lado lunar e obscuro que mais nos fascina.

Safou-se muito bem (grande desafio como actriz, quem não gostaria?), mas arrisco-me a dizer que podia ter ainda chegado mais longe.

Último comentário despropositado : os homens devem adorar aquela cena lésbica. Não é para todos. Ou melhor, para todas.


nota : O realizador Darren Aronofsky tem outros filmes a mencionar : O The Wrestler - um bocadinho desilusão, e o Requiem for a Dream, que se forem muito sensíveis, não vejam - é uma viagem ao mundo da droga, e das muito fortes.

2 comentários:

Vita C disse...

é uma dicOtomia :)

eu gostei do filme, mas não achei tão perturbador como tem sido explorado na blogosfera... mas gostei da análise :)

Kit-Kat disse...

obrigada Vita C :)