Há umas semanas atrás, fiz post do Michael Fassbender, já a prever que em breve iria ver o "Shame", segunda obra do realizador Steve McQueen.
A nível estético, sem qualquer ponto ou nota a acrescentar. Muitissímo bem filmado. Os planos são longos, bem à boa moda europeia, mas que se enquadram a 100%.
Ao contrário do que até podia esperar ,o ritmo do filme é mais ou menos lento - numa total contradição da velocidade com que o protagonista se vai deixando consumir. Pelas mulheres e homens que o rodeiam. A cada momento que passa, Brandon é sugado com cada vez mais sofreguidão por tudo o que lhe aparece à volta. É ele que se coloca nessa posição, sem dó nem piedade.
Não faltam bonitas cenas de masturbação, zica-zica homem/mulher, homem/homem e mulher/mulher/homem. Está lá tudo, e sem um pingo de pornografia fácil.
A última cena de sexo é forte, mas não me lembro de ver em algum filme tão bem filmada e, dentro do possível, cheia de classe.
De repente, encaramos de frente com a avidez de corpo e falta de calor humano que aquele homem sofre. Tantos corpos, tantos fluídos, e nada o chega para satisfazer, porque ele próprio não se dá ao básico dos sentimentos humanos, a seguir ao sexo : o amor. Ele procura-o, mas há muitos nós para desfazer.
A história não é distante do que vivemos no dia-a-dia. Talvez possamos conhecer várias pessoas assim. Desprendidas, distantes, aparentemente insensíveis, porque o que lhes faz mais falta... nem sempre está por perto.São falsas muralhas.
Nota final para o Michael Fassbender. É preciso muito amor à arte para se expôr desta forma. Temos actor.