terça-feira, fevereiro 23, 2010

um dia

De maneiras que estou (estamos, eu e os meus colegas) a dois dias de nos estrear no palco. A um dia. Desta vez até vamos ter direito a ante-estreia, que é já na quinta feira. Uau, que coisa pomposa, uma ante-estreia! É bem verdade.

O nervoso miudinho ontem acordou comigo, hoje nem tanto. Aliás, nem vejo a hora que chega quinta-feira às 21h30, para de uma vez por todas pormos em prática o mês de ensaios duro que temos tido. Às vezes ainda me lembro da primeira peça que fiz, naquela tenda de circo. Muito giro, mas rapei frio que só Deus sabe. E se vocês não sabem, sou alérgica a frio. Não sei como aguentámos o frio naquela tenda.
Por agora, a sala das novas tendências ( ena, mais um nome pomposo) do teatro onde vamos estar, aqueceu, muito devido às luzes que já iluminam o palco e pela quantidade de pessoas que ali já circula.
Até os camarins já não precisam de aquecimento. O calor humano instalou-se, aquilo já é o nosso poiso, porque a bem dizer, o teatro tem sido ultimamente a minha segunda casa no útltimo mês. ( A primeira casa é o escritório, a segunda o teatro e por fim, a terceira casa é mesmo a minha casa.)
Hoje, repetirei a rotina, de chegar à sala, de gritar “ nóite” aos colegas, esquecer o resto e de nos concentrarmos na peça.

A minha personagem vai entrando aos poucos, de mansinho e creio que na quinta-feira vai estar mais do que pronta. Não é fácil transformar-nos numa personagem que é um conceito, onírica. Mas devo ao autor da peça, Garcia Lorca, a responsabilidade e o dever de a fazer da melhor forma de possível. E só há uma forma possível de a fazer : é ir buscar tudo cá dentro e lançar cá para fora com toda a energia possível. Às tantas a personagem cria a sua própria energia e já não é a Kit-Kat que ali está, mas sim a sua personagem.
O percurso não foi linear até chegar aqui, mas tou prestes a defender a minha personagem com unhas e dentes perante os colegas, perante os professores, perante o público e perante a genialidade do autor. Por ela vou ter que me desinibir, tive que cortar o cabelo, tive que enfrentar receios interiores, sobretudo porque o que ela representa, nada tem a ver comigo. Mas esse não é o desafio a que nos propomos?

O nervoso miudinho (saudável) invadiu-me de novo. Isto porque me lembrei de repente que hoje, já vamos ter algumas pessoas de fora a assistir à peça, e ao que parece umas delas serão alguns dos actores residentes do teatro onde estamos, que representam com a mesma naturalidade que eu a comer um yogurt de banana.
Ui.

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