terça-feira, janeiro 11, 2011

circo

Sábado de manhã, acabada de acordar às 13h, junto-me ao resto dos milhões de portugueses que descobrem que o cronista social Carlos Castro – figura do cor-de-rosa, que despertava críticas, insultos, mesquinhices pelo que dizia, pelo que fazia e pelas suas orientações sexuais, foi brutalmente assassinado e mutilado em Nova Iorque, local onde gostaria de morrer, disse ele há uns meses atrás.
Grande filme, assassinado, estava com um puto 40 anos mais novo que ele. Para além de assassinado, foi mutilado. O quê, os testículos? Isto parece mesmo à CSI. Com um saca rolhas furou-lhe um olho e mutilou-o? Bateu-lhe uma hora com um PC? Mas bater em alguém com um PC é surreal e um pormenor sórdido que disfarçamos com piadas e risinhos.

Quanto mais dias passam, mais pormenores se conhecem. As piadas começam – trocadilhos, piadas com o Tintim e os tintins, com os apelidos do assassino e do assassinado, com o saca rolhas e infinitos de piadas. A família vem defender o miúdo, os amigos do Carlos Castro vêm fazer os comentários que podem, a terra do presumível assassino quer defendê-lo perante a opinião pública – eles não eram namorados, o puto só queria fama, o Carlos Castro só se queria aproveitar dele porque só gostava de meninos, afinal o Renato tinha uma namorada... E afinal os gays também sofrem de violência doméstica, e afinal os gays também são violentos, e a comunidade gay aproveita para vir defender-se e falar do assunto. E a orientação sexual volta a estar em cima da mesa.
E vêm os psicólogos, psiquiatras e o Francisco Moita Flores, falar do que pode ou não ter acontecido a um miúdo de 21 anos que comete uma barbaridade destas, o que lhe vai acontecer e como naquele momento tudo terminou para o assassinado e para o assassino, que nunca mais vai sair da prisão.
O pobre não morreu feliz, mas morreu onde quis. Infeliz é também a coincidência do seu apelido com aquilo que lhe aconteceu.

E de repente a crise acabou, o FMI já não vem, o FC Porto já não vai ser campeão, o Sócrates já não é um aldrabão, já não há mais assaltos a bombas de gasolina e ourivesarias, o Cavaco Silva já não aquele homem que sempre que se vê em apuros “não faz comentários” e as presidenciais não estão a 13 dias de acontecer.
Só estamos concentrados no macabro do acontecimento, fazemos comentários parvos uns com os outros para aliviar o peso da história, temos mais um tema de conversa com os colegas de trabalho e com os amigos. E eu aproveitei para fazer mais um post. E como na era da informação, uma história se torna um fenómeno global em poucas horas, nos consome e nos fartamos dela rapidamente.

Cansei-me do circo.

4 comentários:

Piero disse...

Oh kitty, tenha atenção aos erros ortográficos ;)

Kit-Kat disse...

Olhe, revi o texto e encontrei umas pequenas gralhas. A que erros se referia?

Pensei inclusive que podia acrescentar algum comentário também a este assunto.

Piero disse...

Não diga "olhe" que é pouco correcto e até um pouco arrogante.

Eu não queria que ficasse gravado aqui nos comentários o seu erro, mas já que insiste.

Veja se encontra aqui: "disse ele à uns meses atrás".

Kit-Kat disse...

não tenho problema algum em assumir um ou outro erro. Assim quem lê este blog também aprende a escrever.

Qualquer das formas, agradeço o interesse demonstrado e aproveito para dizer que o erro já foi corrigido.