Tinha uma amiga na minha pré-adolescência que não vejo à anos.
Lembro-me que passava tardes na casa dela, que eu também fazia parte da família,assim como uma prima emprestada. Eu conhecia bem o seu pai, a sua mãe, os seus avós. Só mantinha uma relação mais distante com um cãozinho irritante que os avós decidiram comprar. Pequenino, mauzinho com um ladrar de fazer desesperar, mesmo para quem adora cães como eu.
Eu e a minha amiga brincávamos, passeávamos, uma típica amizade de meninas inocentes, que ainda mantinham paralelos os seus rumos e que raramente falavam do futuro.
Com o tempo, e por nenhuma razão em particular, os nossos antigos rumos pararelos afastaram-se cada vez mais. Ela passava cada vez menos aqui na zona. Eu encontrava mais vezes a mãe, de braço dado com um pai cada vez mais doente. O pai morreu. Os avós e o cãozinho irritante também nunca mais os tinha visto, até ao dia à uns tempos atrás na Avenida de Liberdade, onde me passeio todos os dias sem nunca me chatear, vi pela primeira vez um casal de velhinhos, de braço dada, às vezes de mão dada a passear um cãozinho.
Da primeira vez que os vi, custou-me a acreditar que eram os avós da minha amiga, que sabia, sempre viveram numa transversal da Avenida.
Estavam iguais. Até o cão reconheci. Maior e mais gordo.
Lembro-me que passava tardes na casa dela, que eu também fazia parte da família,assim como uma prima emprestada. Eu conhecia bem o seu pai, a sua mãe, os seus avós. Só mantinha uma relação mais distante com um cãozinho irritante que os avós decidiram comprar. Pequenino, mauzinho com um ladrar de fazer desesperar, mesmo para quem adora cães como eu.
Eu e a minha amiga brincávamos, passeávamos, uma típica amizade de meninas inocentes, que ainda mantinham paralelos os seus rumos e que raramente falavam do futuro.
Com o tempo, e por nenhuma razão em particular, os nossos antigos rumos pararelos afastaram-se cada vez mais. Ela passava cada vez menos aqui na zona. Eu encontrava mais vezes a mãe, de braço dado com um pai cada vez mais doente. O pai morreu. Os avós e o cãozinho irritante também nunca mais os tinha visto, até ao dia à uns tempos atrás na Avenida de Liberdade, onde me passeio todos os dias sem nunca me chatear, vi pela primeira vez um casal de velhinhos, de braço dada, às vezes de mão dada a passear um cãozinho.
Da primeira vez que os vi, custou-me a acreditar que eram os avós da minha amiga, que sabia, sempre viveram numa transversal da Avenida.
Estavam iguais. Até o cão reconheci. Maior e mais gordo.
Bloqueei. Tive vontade de ir falar com eles, de ir dar-lhes um beijinho, perguntar se estava tudo bem. Não consegui. Eu sempre tive sérias dificuldades em meter conversa com as pessoas. Pior do que isso, tive medo que não me reconhecessem. Afinal, já não me lembro à quantos anos não falo com eles. A minha memória funciona bem, mas a deles não sei.
Imaginei.. " Olá boa tarde, lembram-se de mim?" " Ah menina, não nos lembramos..."
Já os voltei a ver uma quantidade de vezes significativa. Sempre à hora de almoço, mais ou menos sempre no mesmo local. Lá estão eles, a passear, de braço dado, com aquele cão que eu detestava. A senhora sempre de chapéuzinho, apoiada no marido.
A última vez foi na sexta-feira. Iam uns bons metros à minha frente, e eu tive de parar para passar para o outro lado. Parei ali, à beira da estrada, a olhar para eles. A pensar na quantidade de tempo que tinha passado, que eu e a minha amiga tinhamos rumado em caminhos completamente diferentes, que hoje erámos mais mulheres que meninas.. que teriamos anos de novidades para pôr em dia, mas tenho dúvidas que pudessemos voltar assim a ser amigas. Eu cresci, cresci muito desde aqueles tempos. Ela também.
O tempo galopa, galopa. Já deixei tanto para trás, e ainda tenho tanto pela frente. Fui acordada com o autocarro que passou demasiado perto de mim, eu estava quase em cima da estrada.
Talvez ainda ganhe coragem para meter conversa com eles. Porque mesmo que não se lembrem de mim, tenho a certeza que me vão sorrir, e o cão vai-me rosnar.
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