Apetece-me escrever qualquer coisa neste blog, qualquer coisa de genial, que pudesse mudar a minha vida, que pudesse mudar o rumo deste blog, a ideia que as pessoas têm da Kit-Kat. Afinal qual é a visão que as pessoas têm da Kit-Kat?
Apetecia-me escrever algo que nunca mais esquecesse, que lembrasse todos os dias ao levantar e todos os dias ao deitar. Queria escrever um discurso que pudesse partilhar com aqueles que mais gostasse, no sossego de uma café ou no sossego de uma conversa dentro do carro, ou no reboliço de uma noite de paixão no sofá ou na cama.
Apetecia-me escrever algo arrebatador, que me orgulhasse verdadeiramente, que deixasse de testamento aos filhos, netos, bisnetos e ao resto da família. Apetecia-me portanto que a minha cabeça não atrofiasse tanto a partir do momento em que chego a casa, me sento e os pensamentos começam a fluir, a fluir, e quando dou por mim a minha cabeça já está longe, eu não a vejo e o meu corpo está mole, aborrecido no sofá.
Apetecia-me que tudo desse certo na minha vida, que eu já tivesse conseguido fazer tudo aquilo que queria, que hoje tivesse estado calada quando meti a pata na poça e disse o que não devia ao meu chefe ( e porque eu quando falo antes do tempo dá sempre trampa), apetecia-me ser bonitinha, certinha, fofinha, direitinha, barbiezinha, aquilo que toda a gente espera de mim, e eu sei lá o que esperam de mim. O que afinal esperam de mim? Nem eu sei o que espero de mim.
Apetecia-me que os meus pais estivessem juntos, felizes e eu que não tivesse que sentir em vários momentos aquela dor infinita, de como quem me tirou o tapete por baixo dos pés. Apetecia-me já saber determinadas coisas sobre a minha vida e que ainda não sei. Que aquilo que sei que está para acontecer já tivesse acontecido.
Secalhar se agora enfiasse uma droga qualquer pelo bucho, a cabeça parasse, parava de atrofiar, parava de escrever e fazia qualquer coisa. Outra qualquer coisa.
O coração dá-me voltas ao estômago, o estômago revolve-me a cabeça, a cabeça para-me o coração.